Tuesday, February 21, 2006

Fabiana e Tatiana em: Prenderam meu Carro, pô!

Todas as vezes que me pego saindo com Tatiana sei que alguma coisa muito estranha vai acontecer. Gente, não é exagero não. Já fui parar no meio da torcida furiosa do palmeiras, voamos em cima de um canteiro atravessando a lua com o carro do “papai”(inclusive acabamos com o carro), já nos pegamos em situações ridículas não-normais, e da ultima vez que estive aqui, Tatiana perdeu o documento do carro.

Bom, mais uma vez estou em São Paulo. Saímos uma vez aí pra tomar duas cervejas, e aconteceu coisa leve: perdemos a chave de casa. Só. Tivemos que ligar para o Fabião trazer a chave, ele ficou muito bravo.
Mas estou aqui pra contar de sexta-feira. Fomos para o volta às aulas do Mackenzie, parecia Salvador...Trio Elétrico, aqueles homens achando que só por que tem um trio e uma lata de cerveja, podem tocar na gente, essas coisas.
Bebemos bastante, e a vontade de ir no banheiro apertou. Eu e Tatiana fomos num bar lotado, mas ela me fez o favor de tropeçar logo na entrada do bar e se segurou aonde? NOS MEUS CABELOS. Com força, o peso todo...cinco minutos.O Bar todo olhando e eu falando baixinho: “SOLTA TATI, SOLTA!!”. Ela soltou, e depois CAIU DE NOVO e ficou de novo pendurada no meu cabelo.
Eu já tinha começado a achar graça e comecei a rir. Então, ela se equilibrou, arrumou os cabelos, ficou de pé, encarou o povo do bar sorrindo. Depois olhou pra mim e disse: “ Nossa Fá, você usa Seda Ceramidas?”.Minha cabeça doendo.
Bom, na hora de ir embora, fiquei pensando: “ Que bom que nada de extraordinário aconteceu dessa vez. Mas quando chegamos no estacionamento: FECHADO. FECHAAAADO!! A droga do estacionamento fechava onze horas e já era uma da manhã.
Aí eu não sabia se ria ou se chorava, Tatiana chorava por que o marido dela ia matar a gente, mas olhava pra mim e via que eu estava torta de rir e ria também. Dia seguinte ela teria que levar de manhã cedo o cães(dois boxers) para serem castrados, por isso o marido dela pediu para que não saíssemos.
Agora imaginem: eu, Tatiana e meu primo André chegando na casa do Fabio(marido da Tati), DE TÁXI! Os três beeem bêbados.
Tentei explicar pra meu cunhado que a culpa foi realmente do estacionamento que não avisou que fechava cedo, mas a voz não saía e minha cabeça estava doendo. André ficou tão sem graça que foi montar a casa do cachorro(ainda não entendi o porquê, mas nem precisa...afinal ele também é um Hirata).A Tati levou uma apagação daquelas, e eu me recolhi com cara de “nunca mais”.
Fomos dormir arrasados.
Arrasados e felizes. Isso é que é o pior.
Fabiana Ceramidas Hirata

Wednesday, February 15, 2006

Sono

Quem me conhece sabe que eu não sinto sono. Isso me cria grandes problemas por que posso ficar mais de três dias sem dormir e fico completamente acabada. Minha memória some, meu cabelo cai, fico bem distraída . Problemão.
Fico encucada com aquelas pessoas que deitam e dormem na mesma hora, como é que elas conseguem fazer isso?Cinco minutos depois estão roncando. Como se quisessem jogar na cara de quem não dorme a facilidade da noite bem dormida.
O contato da minha cabeça com o travesseiro desperta todo tipo de procupação e lembrança. Maldito travesseiro curioso, questionador, FOFOQUEIRO.
Tenho que resolver isso de qualquer forma. Hoje estou aqui no rabalho do meu pai, são nove horas da manhã e eu tenho orgulho de falar depois de três noites sem dormir : ESTOU MORRENDO DE SONO!
Gente, que coisa mais gostosa, o corpo inteiro relaxado, a cabeça pesada. Meu pai foi lá me buscar e eu quase perdi a hora por que estava com sono de bebê! No carro, comentei: - Nossa pai, estou com um sono pesado, preciso de um café urgente. Quando chegamos aqui no hospital, falei de novo toda orgulhosa: - Pai, um café pelo amor de Deus. Que sono! - Meu pai me levou na cozinha ...
" Oi, tomando um cafezinho?" alguém perguntou,e eu toda orgulhosa..." É por que estou com sono..."
Ah, se você soubessem como é ruim ficar durantes horas rolando na cama enquanto todos dormem. Toda espécie de pensamentos invadindo, gritando, aproveitando sua vulnerabilidade. E a mente faz a festa.
Ai, ai...papai tá aqui do meu lado trabalhando, parece que alguém morreu e precisa ser cremado, não estou entendendo muito bem por que estou com sono. Fui pegar mais café...falei para meu pai: " é o sono, mas tá quase passando."
Tenho certeza de que estou escrevendo a maior besteira aqui...nem estou pensando e também nem vou reler. Provavelmente vou apagar depois. Sabe como é...eu nem sei o que eu estou fazendo direito...deve ser por causa do sono.

Fabiana SONOLENTA Hirata

Tuesday, February 07, 2006

ENSINAMENTOS HIRATA MÃE II

Estávamos almoçando. Começaram a falar sobre uma tia minha que não vejo há anos. Meu pai olhou pra minha mãe assustado e perguntou:
- A Fabiana sabe, Li?(Li é minha mãe)
Rapidamente, querendo comer, falar e me avisar ao mesmo tempo, minha mãe responde atropelando tudo e olhando pra mim:
- Não. Fabiana a sua tia perdeu a perna. Então, como eu tava falando...
Eu me assustei:
-COMO ASSIM?
Meu pai puto:
- Ô Li!! Não é assim que se fala!
Minha mãe nem parou pra pensar:
-Então tá...Fá, sua tia foi fazer a unha, depois te conto o resto.
Meu pai:
-LI!! QUE HORRÍVEL!
-Tá bom...Fabiana, sua tia perdeu a perna, mas a gente não sofreu muito não por que faz tempo que isso ta acontecendo, e todo ano eles tiram um pedacinho...
Aí já era, eu já estava rindo da notícia. A mesa composta por um casal de tios e um primo, estava horrorizada.
Minha mãe tentou contornar a situação:
- Já sei Fofo(Sim, Fofo é meu Pai)! Já sei!
E vira pra mim, toooda serelepe:
- Fabiana, o gato subiu no telhado.
Eu:
-Morreu??
Ela:
-Morreu. E sua tia tava junto.
-Morreu também??
-Não. Graças a Deus ela só perdeu a perna.
Meu pai saiu da mesa. Ô mulher sábia essa minha mãe.

Fabiana Absurdamente Hirata

Ensinamentos da Grande HIRATA Mãe I

Estávamos andando pela rua quando um carro parou e alguém perguntou
- Por favor, a estrada para Guarulhos é por ali?
Minha mãe respondeu sem vacilar:
- Segue direto e vira à direita.
Achei aquilo estranho... Quem conhece, sabe que minha mãe é meio desnorteada, meio louca, ainda bem que agente não puxou.Então, perguntei:
- E desde quando a senhora sabe onde fica Guarulhos?
E ela :
- Quem disse que eu sei? Mas tenho uma raiva quando eu paro o carro pra perguntar alguma coisa e a pessoa fala que não sabe. Tenho vontade de descer e enfiar a mão na orelha! Por isso, filha, nunca diga que não sabe, nem que tenha que ensinar errado e mentir.
- Ah ta...
Como eu aprendo com essa mulher, Meu Deus... E meu pai olha pra gente triiiste... mas não ousa contrariar. E quem ousaria?
Fabiana Aprendendo Hirata

MORANDO SÓ

Chego em casa muito cansada.Faço tudo com muito barulho, para esquecer que estou só...como se quisesse provar que o barulho da minha casa, é igual à todos os barulhos das casas normais.Quando chego em casa, sinto alívio e tomo cuidado pra não sentir pena. Percebi estarrecida, que tudo o que a gente faz, até os mínimos gestos, faz pra alguém, por alguém, com alguém. Eu não sei, mas sei de mim e é como se eu carregasse um corpo morto.Dei pra ter medo de chegar em casa. Tenho medo de entrar mas finjo que não. Tenho medo de ligar a televisão e não conseguir me distrair. Tenho medo de comer, por que até a comida perde o gosto quando ninguém te olha comer.O creme não firma na pele, a toalha não seca o corpo molhado. Tenho medo de olhar no espelho e ver que não estou tão sozinha.E perceber que aquela gente que fala de fantasmas, estava certa. O telefone toca, e eu fico ansiosa, por que eu vou poder falar...ouvir minha voz falando pela casa. E eu falo alto de propósito. Depois que desliguei o telefone, fiz beicinho pra chorar, mas achei que não adiantaria nada, por que não adianta chorar pro nada. Mas pior do que o choro, é o pranto mudo.Fingi que não era comigo, e fui pra debaixo das cobertas...a televisão me diz que ainda é cedo demais pra dormir, e eu fico ainda com mais raiva, por que as horas deveriam ser diferentes pra quem está só. Meu cabelo molhado encharca o travesseiro. As lágrimas não, o cabelo mesmo. Meu ritual pede ausência total de silêncio. Televisão, rádio, rádio, televisão. Desligo um já ligando o outro pra não ouvir a voz muda.As vezes aparece uma música que dói. Na televisão, alguém diz uma frase que me lembra a vida... E assim vou vivendo, até chegar o dia que eu me cansar desse castigo e aprender a perdoar.Minha casa é minha doce prisão.Ninguém entra, eu não saio.Na vida real tem gente que entra sim, mas percebe imediatamente que entrou coisa nenhuma, por que este apartamento SOU EU... Fabiana

MINHA SOLIDÃO

Eu estava viajando, para me livrar de dores no corpo e na alma. Quando voltei, vi um garotinho com seus cinco ou seis anos de idade, parado, bem no meio da minha sala.Usava uma roupinha branca, com maçãs muito vermelhas e quentes desenhadas.Então o reconheci. Seu nome é Solidão, e ele me abraçou antes mesmo que eu desfizesse minhas malas. Ali ele ficou, como se eu fosse sua casa, sua causa, sua coisa...Como é lindo, sereno, sábio...um pouco egoísta talvez. Desde então, Solidão me faz companhia, e somos fiéis um ao outro.Mas eu preciso e quero confidenciar uma coisas à vocês: Solidão atrai sensações e situações estranhas: Boemia, coragem, loucura, insônia, desejo, desespero e saudade.E além de tudo, mantém meu coração distante desse mundo num lugar que só ele pode tocar. Por mim tudo bem. Desse mundo, eu só quero as flores... Porém, busco coisas opostas ao que ele me oferece, por que preciso de rotina,estabilidade, paz, lucidez, sono, tranqüilidade.São essas as sensações que eu realmente preciso, mas solidão as repele. Cola em mim, como se quisesse me possuir, e eu o recebo por fraqueza, por que confesso que sua beleza me fascina. Todas as vezes que abro meus olhos, é ele quem eu vejo.Uma criança. Minha criança. Madura, iluminada, doce, mas muito exigente. Ele me ama, eu sei, mas não faz idéia do quanto me faz infeliz. E mesmo que soubesse, dormiria em paz, tenho certeza...ronronando...quase sorrindo.Por que ele sabe que eu não viveria mais, NUNCA MAIS, sem a sua suave existência.

(Fabiana Lumi Hirata)

Fantasia

Hoje eu bem que acho graça. O tempo passou, mas ainda lembro como fiquei desorientada sem meu amado elefante . Na verdade era um coelho cinza que reinava no meu quintal. Na minha verdade, não era um quintal. Era um imenso zoológico Internacional onde as pessoas babavam com a beleza dos meus animais.Na primeira jaula, os meus dois ursos gigantes faziam muito barulho( eram dois preás machos, espertos e agitados), e a minha Leoa Elizabhet estava sempre inquieta, nervosa...(uma galinha amarela com um topete que parecia um chapéu de madame). Ela veio diretamente da África num navio que quase afundou por causa do seu tamanho. O meu elefante cinza era o mais querido e tranquilo, e eu o deixava solto no meio daquele lugar colorido, imenso, cheio de fantasias, mágicas, aventuras... Um dia, por pura intuição(aquela sensação horrível de saber uma coisa que ainda não se sabe), acordei mais cedo e fui olhar o zoológico. Ele havia desaparecido: Meu elefante, a atração do meu palco sumiu! Fiquei tonta e não sei onde achei forças para sair pelas ruas, perguntando para as pessoas se elas tinham visto um...um...coelho cinza e magro...que humilhação ter que dizer isto! - Xiiii, deve estar na panela de alguém - disse uma senhora banguela, me olhando com cara de quem comia coelhos...e elefantes também. O filho dela quase riu, mas ficou penalizado com a minha palidez - Elefantes não cabem em panelas - repetia pra mim mesma, com a força de uma oração. Procurei em cada canto, em cada casa, e quando o sol estava desaparecendo me dei conta de que não tinha comido, e estava descalça...Mas isso não importava, estava escurecendo e meu elefante tinha medo do escuro. - Meu Deus, não deixa ele sofrer...Faz carinho na orelha dele, por que assim ele dorme e não vê que está fora de casa... Percebi que meu corpo inteiro doía, e tremia por causa um frio que ficava cada vez mais insuportável. Tudo foi ficando pequeno, as vozes estavam distante... - Ela está ardendo em febre! - ouvi lá longe a voz do meu pai. Mas eu estava ocupada, cuidando do meu zoologico que estava ainda mais colorido, e cheio de elefantes de todas as cores! Uma música alegre vinha lá do céu, e a minha leoa Elizabeth estava cheia de filhotes azuis, amarelos, vermelhinhos. Meus ursos brincavam de roda, e usavam tocas de banho, só por que eu achava engraçado!No meio de todos eles, estava o meu elefante, ainda mais bonito e tranquilo, por que eu estava olhando e cuidando dele. - Elefantes não cabem em panelas. Elefantes não cabem em panelas...faz carinho na orelha dele, Meu Deus...não deixa ele sofrer... Não sabia quanto tempo havia se passado, mas quando despertei, percebi que minha família toda estava me esperando. - Cinco dias, filhinha.Você está nessa cama há cinco dias - disse minha mãe adivinhando meus pensamentos - Agora você precisa comer - e enfiou aquela colher enorme na minha boca, e o gosto era de vento. - Detesto canja - murmurei enquanto todos riam. Finalmente estava recuperada, mas alguma coisa estava muito diferente. Eu não conseguia rir, nem cantar, e tudo estava sem cor, sem cheiro. Deve ter sido a febre. - Vai brincar, filha. Seu zoologico ainda está lá, só o elefante e a leoa que mudaram de casa, mas o resto está do jeito que vc deixou. - Não era um elefante, mãe, era um coelho magro e muito feio. A leoa Elizabeth era uma galinha, e ela não mudou de casa...Ela desapareceu, por que estava naquela canja que eu comi. Minha mãe me olhou chocada, e eu saí andando pelo quintal vazio, pensando em como aquela febre lutou bravamente comigo...e depois desapareceu, levando junto, todas as minhas fantasias.

Fabiana Hirata

Escrever

Sinto uma vontade de escrever tão grande que mal cabe dentro de mim.Não posso mais dormir, nem pensar, nem sonhar com o que não me machuca.Meus sonhos são povoados de cobras,crianças que choram desesperadas, mares negros com grandes baleias e tubarões que encalham e imploram a minha ajuda. Mas eu não posso...São grandes demais pra mim...e quanto mais tento ajudar, mais eles encalham. Meu sono é leve, sinto frio, calor, fome, e uma ansiedade quente que me deixa inquieta, furiosa, perigosa e machucada. Sinto uma vontade insuportável de gritar mil palavrões,desafiar Deus e tudo que se diz grande...Perguntar o porquê de tudo e implorar aos meus amigos que devolvam a minha fé.Sem fé viramos vegetais, as coisas perdem a beleza, o cheiro, a cor. Uma criatura sem fé deveria ser sacrificada por pura piedade. Eu faria qualquer coisa...Qualquer coisa para acreditar em fadas e duendes. E poderia esquecer tudo...esquecer das contas,do futuro, da família , do amado.Poderia apenas escrever...Escrever até meus dedos sangrarem, até minhas unhas encravarem,, escrever tudo errado, escrever palavras que não existem,fatos que aconteceram ou não, descrever monstros, heróis, sonhos, glórias, derrotas ...tudo com muita fantasia.Ah, eu inventaria mil mundos diferentes, e neles eu colocaria todos os sonhos que já não consigo enxergar sem a minha caneta. Não existiria mais frio, nem calor, nem sono. Não mais haveria o dia, a noite,ou a insuportável tarde de sol.Seria apenas EU. Eu e a minha insaciável vontade de escrever...e escrever, e escrever...até desaparecer no meio de uma das minhas histórias.

Fabiana Lumi Hirata 27/08/2002